domingo, 29 de junho de 2008

Sabores simples da vida

Angola, voltei !!!!!!!!!
Viagem boa, tranquila ..............
Como todo final de semana, a Ilha de Luanda me recebe em suas areias.
E hoje, aprendi mais um prato da região.
Primeiramente, torrem um punhado de amendoim e deixem esfriar.
Depois, no Brasil é conhecida como banana da terra, descasque-á, leve para assar na brasa ou numa grelha, por uns instantes, sem deixar queimar.
Quando estiver assada, ainda quente, só consumir a banana juntamente com o amendoim descascado. Vocês poderão pensar, que graça tem???? Eu também pensei isso e foi uma surpresa, pois é diferente e gostoso. Simples, a quem quiser ariscar e saborear uma nova proposta de simplicidade, aqui da África para o Brasil.

sábado, 21 de junho de 2008

Lugar


Não sei qual é o meu sentimento hoje. Tudo é muito estranho.
Brasil, lugar onde nasci, me criei, onde todas as pessoas queridas estão ao meu redor. Meus queridos amigos, meus irmãos, meus amores e meus antepassados.
Angola, país que estou conhecendo, vivenciando os sentimentos do povo, aprendendo a me conhecer, aprendendo ultrapassar as barreiras que a vida nos impõem ou barreiras que nós mesmos colocamos a nossa frente para podermos ultrapassar, barreiras para medirmos as nossas resistências .....
Não sei explicar, mas sinto que parte de mim está no Brasil e a outra em Angola, dualidades, sentimentos que se completam; me fazem sentir que não me encontro "inteira" em nenhum dos dois lugares.
Percebo agora, que não faço parte de um único lugar e sim que sou uma pequena partícula do mundo.

domingo, 8 de junho de 2008

Saudade

Hoje, peço a permissão para não falar de Angola, de Luanda e sim do Brasil.
Estou para completar dois meses aqui e agora começou me apertar o coração de saudades da minha querida e amada terra.
Brasil, te amo, você é maravilhoso, um país com qualidades e defeitos como qualquer outro país do mundo, como qualquer sêr humano.
És um país de primeiro mundo, mas não pelo fato da tecnologia, da ciência e sim pelo povo que nasce em teu berço, pela mistura de raças, pela cordialidade, enfim por ser assim,um adolescente bem grande, com um coração maior ainda.
Em breve estarei de volta, por pouco tempo, só o bastante para matar as saudades desta terra maravilhosa que se chama BRASIL.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Invisível


Invisível, é assim que já começo a me sentir em Luanda. Isto tem um fator positivo, eu acredito que esteja integrando a paisagem da cidade, me sinto e sou tratada como tal.

Vou a praia sozinha, ando pela cidade, pego os “taxis” da cidade (no Brasil, entenda-se lotação em carros comuns). Estou começando a assumir, novamente, a minha personalidade, minha liberdade.

Como é bom, andar livremente, curtir uma praia tranquilamente e começar a formar um rol de amizades de praia, de conhecidos dos conhecidos, de hotel, trabalho etc etc etc.

Ao mesmo tempo, existe um sentimento cada vez maior de solidão, pois sinto que dependo só de mim; aqui, a evidência de que não há nada nem ninguém para me apoiar, que eu dependo e vivo a partir dos reflexos dos meus atos.

Cada ato passa a ser grandioso, pois comportamentos são avaliados e vistos, riscos, adrenalina e tesão, tesão de viver e lutar.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Surpresas da Vida


Muitas coisas nos acontecem para cada vez termos ciência do quanto a vida é subjetiva em todos os sentidos.

Como eu havia citado no texto anterior, ficamos chocados com o comportamento das mulheres que se encontravam na rua a vender frutas; por outro lado, no domingo, nosso caro amigo Domingos proporcionou uma surpresa agradável, nos levou a festa de noivado de sua cunhada.

Que família simpática, agradável e alegre; nos recebeu de uma tal forma que pela primeira vez em Angola, me senti em casa. Só devo agradecer a esta família por ter aberto as portas de sua casa para nós, estrangeiros.

Momentos de descontração, alegria, dança, música, boa comida, enfim, mais uma experência gratificante, neste país cheio de contrates.

Nossos povos tem muito em comum, tanto na pobreza como na riqueza, tanto na alegria como na tristeza como um pacto de casamento entre irmãos.

sábado, 17 de maio de 2008

Semana


Esta semana foi muito especial para mim, pois tomei consciência de uma série de atos meus, bem como vivi situações inusitadas.

Vou falar das situações inusitadas, pois meus atos são um trabalho interno de conscientização, bem como amadurecimento pessoal e dentro de um contexto de um país estranho, de uma vida singular.

Advinhem quem conheci no final de semana passada???? Para mim, foi excepcional, pois se trata de um ídolo, que convivo com esta figura a muitos anos, um jornalista conceituado, que se encontra em Angola, acompanhando o processo eleitoral, Sr. Carlos Monforte, da Plin-Plin. E posso dizer que só veio a corroborar o que eu achava dele, uma pessoa carismática, gentil e educada.

Pois, o grupo se aproximou e em nenhum momento houve algum comportamento ou movimento indelicado por parte dele. Sem contar, que posso dizer que eu, sim eu, dei dicas de turismo a ele. Me senti chique demais !!!!!

Almoçamos na mesa ao lado da dele e provavelmente de sua equipe, num lugar chamado Coconuts, muito gostoso, que já virou um "point" da equipe. Neste dia comi uns camarões de fazer inveja, em breve, vou disponibilizar as fotos rsss

Ontem, já vivi uma outra situação, bem diferente da anterior, pois até o momento não havia sentido, aqui, em Luanda uma sensação de medo no seu sentido mais amplo. E tudo isso, por algumas razões:
  • Olhar para as pessoas e para a situação, como se elas fossem diferentes, sendo que aqui, quem é o estranho no ninho sou eu, a diferente sou eu.
  • Tomar determinadas atitudes que aos meus olhos são normais, sem pensar nas consequências, como o mero fato de tirar uma foto sem o consentimento alheio.
  • E por último, o contexto de toda uma situação econômica que esta população já viveu e ainda está vivendo.

As maiores lições que aprendemos não são aquelas que assistimos em salas de aulas e sim aquelas que a vida nos mostra e nos faz viver. desde que estivermos pré-dispostos a encará-las de frente.

Volto a dizer, aqui, em termos de conhecimento pessoal, de conscientização é uma escola fantástica, que nos leva cada vez mais a aprender com o sêr humano e a nós lidarmos com as nossas atitudes e as consequências de cada ato.

sábado, 10 de maio de 2008

Experiências


A muito quero escrever, mas o tempo tem sido pouco, muito pouco.

Em 03/05/08 fizemos um passeio longo, mas bonito. Fomos conhecer Barra do Kwanza, ou seja, a Ponte que atravessa o Rio Kwanza, o maior rio exclusivamente angolano que desagua no Oceano Atlântico, bem ao sul de Luanda.

Outra curiosidade, a moeda corrente de Angola é KWANZA, e leva este nome em função do rio.

Digo a todos que queiram conhecer Angola, que esta viagem à Barra do Kwanza é imperdível, pois viajamos horas em meio de savanas africanas, com uma vegetação típica da região. Vejam as fotos, é muito mais lindo ao vivo.

Após ultrapassarmos o rio, fomos conhecer Cabo Ledo, um lugar paradisíaco, pois existem alguns pequenos resorts, bem rústicos, a beira mar.

Lá foi nos servido lagosta grelhada, um manjar dos deuses e garoupa, um peixe que parecia ser saboroso, pois não experimentei.

Peço a vocês que agora usem um pouquinho de suas imaginações e pensem num restaurante rústico, a beira mar, cercado por coqueiros, com uma brisa quente, saboreando uma lagosta deliciosa. Não é paradisíaco?????

Outro ponto interessante desta viagem foi o Miradouro da Lua, pois, ao mesmo tempo que, visualizamos as praias ao sul de Luanda, temos uma imagem formada por falésias íngrimes. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

Ao longo da estrada nos deparamos com uma série de figuras fortes, frondosas e exóticas, o IMBONDEIRO, uma árvore típica da região, cujo fruto é a MUCUÁ, de sabor acre, meio azeda, com muita polpa. Contam que nas regiões mais pobres, este fruto é servido às crianças famintas, pois dissolvido a água ou ao leite forma uma papa (mingau) que serve como alimento básico.

Curiosidade: paramos numa tribo que vendia essa fruta e comecei tirar uma série de fotos, pois quem me conhece sabe que adoro registrar tudo em todos os momentos, e daí tive que respeitar as crenças da região, pois a senhora que estava vendendo a beira da estrada solicitou naquele momento que eu não fizesse isso, pois eu iria levar as almas deles e isso provocava muito medo.

Gente !!!!! Cada vez mais, agradeço a Deus por esta oportunidade, pois esta riqueza de culturas, crenças só nos faz crescer para a vida.

Espero ter passado um pouquinho das experiências vividas.

Curiosidade: Vocês verão abaixo uma foto de um Musseque, explico-lhes o que significa a seguir; a palavra é originária do dialeto kimbundo (um seke), com o seguinte significado: areia vermelha.
O musseque é fechado em si mesmo, com um complexo de ruas pequenas com a largura de um homem, corredores, casas de zinco, madeira, papelão e as de mais posses blocos de concreto.
É o espaço destinado às pessoas marginalizadas, comparável as favelas brasileiras.

domingo, 27 de abril de 2008

Ilha do Mussulo


Já conheci alguns lugares interessantes próximos a Luanda.
No sábado passado (19/04) conheci a Ilha do Mussulo, que não deixa a desejar em nada para as nossas praias mais distantes. Uma ilha semi-civilizada, pois ainda falta uma infra-estrutura 5 estrelas, que ela comportaria.
Imaginem, uma ilha bem pequena, que pode-se atravessar seus extremos, a pé, em no máximo 2 horas, cercada de coqueiros e de vegetação selvagem, com uma areia branca, um mar extremamente calmo e cardumes de peixes convivendo com os homens a beira mar .......
É assim Mussulo, um local muito agradável, com uma infra rústica, mas atraente.
Camarões, hummmmmmmmmmm, camarões-rosa, grandes, saborosos, quiosques a beira mar e tudo muito tranquilo, uma vez ou outra essa traquilidade é cortada pelo barulho das lanchas que vem do continente ou pelos jet-esquis.
O mais interessante são as visitas desses cardumes nas praias, junto as crianças e demais pessoas que se encontram a banhar-se.
Tomara que a civilização não destrua este patrimônio ecológico.
O mar é calmo, as ondas são pequeninas e possui uma alta concentração de sal.
Infelizmente, não estou conseguindo expor a vocês as fotos obtidas (problemas de compatibilidade). Mas, em breve, pretendo solucionar tal situação.
Portanto, Luanda possui lugares bonitos além da Ilha de Luanda que vale a pena serem visitados.

Brasil


Experiência de vida “SER BRASILEIRA”

Isto é um ponto que gostaria de deixar registrado, pois nunca pensei em viver uma experiência tão rica em termos de conhecimento e cultura, aqui em Angola.
Hoje, durante o café da manhã e jantar convivo com pessoas do mundo todo, médicos, economistas, representantes ONG's, sanitaristas nesta pousada em que me encontro.
Eu diria que é um local rico para que façamos contato com o mundo. E sabe o que me deixa mais orgulhosa????? O fato de ser BRASILEIRA, pois ouvi de diversas vezes, de indivíduos diferentes que o Brasil é um maravilhoso, em questão de beleza natural e pelo seu povo.
Numa conversa, um comentário me deixou intrigada, um médico comentou que o único país onde ele se sentiu em casa, sem preconceitos, com um povo hospitaleiro foi o Brasil, e este profissional é holandês de "alta patente" em sua área de atuação.
Vocês não fazem idéia da riqueza de conhecimentos que estou obtendo em conviver com essas pessoas simples na aparência e no espírito, mas com uma riqueza pessoal e intelectual incontável, pois muitos são mestres e doutores em universidades na Europa e EUA.
Dessas pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer o Brasil a opinião é unânime, tanto o país como o povo é cativante.
Depois das pouquíssimas experiências que vivi e estou vivendo só tenho algo a dizer, nós, brasileiros temos uma responsabilidade muito grande; pois somos considerados uma terra acalentadora, de abraços abertos para o mundo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Angola

Meus sentimentos com relação a Angola e digo não só Luanda, mas todas as 18 províncias é que:
este país tem um enorme potencial de crescimento, principalmente no que diz respeito ao turismo.
Como eu havia dito antes, um povo gentil, que gosta dos turistas, pois sabe que eles podem trazer alguma perspectiva de futuro. Um futuro que hoje é muito distante para grande parte da população sobrevivente das perdas incontáveis. Perdas em todos os sentidos da vida.

Não sei explicar o porquê, mas a cada dia que passa, fico mais solidária com este país, seu povo, sua cultura, suas tradições e quem sabe lá, seus sonhos.........

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Chegada


Após longas 12 horas de vôo e outras 3 na imigração, cheguei bem em Luanda.

Cidade
Toda a cidade é um canteiro de obras, construções a cada esquina, de ponta a ponta.
Blocos imensos de vidro, crescendo aos moldes das grandes cidades do mundo.
Torres, guindastes, homens correndo de um lado para o outro. Inacreditável !!!!!
Por um lado, a beleza de toda esta reconstrução, do povo batalhando pelo seu espaço, mas como consequência de tudo isso, a desorganização também reina, com ruas e avenidas cheias de caminhões, carros, com ruas com o asfalto destruído.
Ahhhhhhhhhhhhh !!!!!!!!!! Carros ............... Por um lado, carros antigos, muitos abandonados a beira das ruas, mas por outro, modelos inacreditáveis, que fascinam a qualquer um. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S, F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O-S !!!!!!!!!!!!!!

Povo
Uma gente muito sofrida na aparência, mas ao msmo tempo aquela coisa que perdemos a muito, do espírito de uma cidade do interior. Crianças brincando nas ruas, gente sorrindo, correndo, mercado a céu aberto que possui de tudo.
Por outro lado, gente elegantemente vestida, perfumada e muitos, muitos estrangeiros do mundo todo.
Povo doce, gentil e caloroso com os brasileiros.

Curiosidade
Invasão de empreiteiras de origem asiática, consequentemente têm momentos que pareço estar na China, principalmente no aeroporto.
Os chineses não param um minuto se quer, trabalham nas grandes construções dia e noite; vocês não fazem idéia, muito louco !!!!!!!

Trabalho
Já estamos pegando no pesado e começamos a arregaçar as mangas.

Hospedagem
Bom, nem preciso dizer que dei sorte, pois estou numa pousada deliciosa.
Uma casa muito antiga, que lembra as nossas casas de senhores de engenho, com móveis seculares. Onde a sua volta há uma cerca viva de um tipo muito específico de jasmim que perfuma todo o quintal até uma parte da rua e a volta do casarão, pés de camélias brancas perfumadas, parece que estou em um outro mundo.
Uma comida caseira típica deliciosa, com cada bolo, doces, saladas...... hummmmmmmmmm

Só chegando mesmo aqui, pude perceber a real carência, a necessidade deste povo e aí que relamente tomei consciência do que estou fazendo. Estou me sentindo bem e feliz.

A todos deixo meu coração com muitas saudades e também lhes digo que espero, sinceramente, poder fazer algo, sei que será bem minúscula a minha participação, mas garanto que será com muito carinho.

domingo, 13 de abril de 2008

Despedidas


"QUEBRAR PARADIGMAS", muitos devem lembrar deste conjunto de palavras rssss

Mas, é uma verdade, num primeiro momento a saída e deixar de conviver com as pessoas que amamos e dividimos ilusões, alegrias, tristezas, medos; em outro momento, em decorrência de se viver um novo sonho. novas perspectivas, situações , nos faz pensar em tudo o que vivemos e o porquê buscamos desafios.

Em decorrência das nossas atitudes, nos deparamos com despedidas, que no momento da união nos fazem felizes, mas depois, nos trazem lembranças e tristezas.

A vocês, meus amores, os que se encontram nestas fotos ou não, um grande beijo e muita saudade desde já.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Alma Colorida

Após receber tanto carinho de meus queridos amigos, sou surpreendida por um texto que um querido amigo me escreveu.
Peço-lhe a permissão para divulgá-lo, pois tem tanto sentimento, carinho e poesia que necessito dividir com vocês:
"Alma Colorida

No início, havia escuridão, tão negra como a noite. E o silêncio, chocante.

Chocante, então, começou a soar o tambor. O mais surdo, o mais grave, o mais profundo tambor, com batidas lentas e compassadas. Batidas de arrepiar.
Tum! Tuuuuuuuum! Tum! Tuuuuuuuum!

Nada enxergava na escuridão. Sabia apenas que o tambor estava ali, no escuro, à frente. Forte, poderoso, desafiador.

Depois veio o lamento, grave também, acompanhando o tambor. Lamento grave, masculino, ritmado, a um tempo interrompido e contínuo, que foi crescendo como que intumescendo a alma.
Oô! Oôôôôôôôô! Oô! Oôôôôôôôô! Oô! Oôôôôôôôô!

O tambor parou, o canto estacou. Então, um grito feminino, gutural, animal, rasgando alma e entranhas. Grito de dor, que subiu num paroxismo, até decrescer por esgotamento.

E agora, lá, de onde irrompia esta emoção, uma fogueira acendeu-se lentamente. Bruxuleando, apenas, indicando figuras nas sombras. Figuras que se moviam, à volta dos tambores, soando agora os atabaques, acompanhados do tambor - o grande tambor-mãe. Batuque sincopado, cantado à roda do fogo, onde aos poucos começa a se destacar um rosto.
Este rosto se volta, lentamente, destacando o perfil e depois a face negra, de homem nefro, rosto curtido e sábio agora olhando diretamente para você, girando ao mesmo em que se acelera o ritmo dos atabaques.

Novo súbito silêncio. Os olhos, negros, refletindo o fogo do fogo, pareceu crescer. E então, fracamente, recomeçam atabaques e surdo a criar um espaço, uma atmosfera de invocação. E a voz grave, aquela do lamento, iniciou.

- Alma branca! Liberte-se, e purifique com o ritual do fogo sua alma branca!

A cada frase grave, entoada com força telúrica, os tambores aceleram, e o lamento feminino ressoa cortando o ar.

- Liberte sua alma, branca, sua alma branca, branca de preconceito, de idéias seculares, de idéias de sujeição, de inferioridade, de asco. Branca! Fique pura com o fogo, o fogo da verdade nua e crua, pois toda sua alma ... branca, não passa de preconceito, branco.

Nesse momento o vulto negro cai para a frente, abraçando os joelhos, e não pode mais ser visto. Assim como o fogo, que se reduz a uma simples chama.

E tudo recomeça, o tambor, os lamentos, os atabaques, o clímax do ritmo, e o vulto negro volta a crescer como sobe o fogo.

- Alma negra! Liberte-se, e purifique com o ritual do fogo sua alma negra!

- Liberte sua alma negra, branca, sua alma negra, escura de preocupações de medos, de medos, de rancores,de problemas recentes, de idéias de sujeição, de inferioridade, de ódios. Branca! Fique pura como o fogo, o fogo livre, que se consome enquanto vive, que à sua volta ilumina, pois toda sua alma ... escura, rodos os seus problemas, ficarão para trás. É preciso que você fique forte e clara como o fogo, para enfrentar o que a espera ...

E você suava, agitada. Todo o seu ser transpirava, envolvida pelo ritmo e pelas imagens e pela voz.

E então o fogo cresceu em fogueira, e os vultos sombras cresceram em homens e mulheres ... negros. Negros, como a escuridão à volta da fogueira, que começou a se dissipar com a chegada do sol.
E os vultos começaram a soar e a tocar flautas, ganzás e pandeiros, ao mesmo tempo em que se levantavam e caminhavam lentamente ao seu encontro. Sob o sol, você via ao fundo um verde mundo, mundo de verde, montanhas e água, movimentado pelo calor do sol e pelo vento nas folhas.

Com a alegre cumplicidade da música alegre, você viu que as roupas deles e delas eram diferentes, muito diferentes das que você estava acostumada.Vestes compridas, multicoloridas e alegres, destacando que eles e elas eram belos, e negros.

- Porque aqui, para onde você vai, não precisamos de alma brancas, nem queremos ser refúgio de almas negras. Queremos pessoas fortes como o fogo, e puras como a água benfazeja. E que assim seja!

Não foi possível negar ... depois deste sonho, talvez tenha sido seu mais belo despertar.

N. R, 07/04/08"
Caro Amigo, me sinto lisonjeada por essas palavras e principalmente com o teu carinho.
Espero sempre contar com a tua amizade, mesmo a distância. E sinta-se livre para demonstrar esses pequenos pedacinhos de tua alma, pois nós, meros seres humanos precisamos desta poesia, deste calor, para nos acalentar o coração.

domingo, 6 de abril de 2008

Expectativa

Não sei o que sentir e o que pensar.
Estou cheia de expectativas sobre o futuro, sobre Angola e como será tudo daqui a algum tempo.
A vida nos dá oportunidades, que devemos agarrar, para que possamos sentir que estamos vivos, que o coração vibra, mas não tão somente como uma máquina humana perfeita, vibra com a sensação de se sentir presente e, de termos o direito de escolhermos nossos caminhos e com eles o destino que virá.
Hoje, meus sentimentos estão voltados a Luanda, em poder fazer algo por quem precisa, de ajudar um povo sofrido, que deu origem ao país onde nasci e moro, a ter perspectivas de futuro e crescer como uma criança, que precisa de ajuda para se tornar um adulto sábio e com um grande futuro pela frente.
Angola, Luanda, me aguardem; em breve estarei chegando com esperanças de uma vida melhor a todos ( e nisso me incluo também).